hisham hm

🔗 Domingo, 28 de outubro

Eu voto no Rio de Janeiro. Cidade essa que é, além do Rio de Janeiro, um pouquinho de cada canto do Brasil. Calhou que um dos mesários da minha seção é colorado. Descobri no primeiro turno da maneira óbvia: fui votar com a minha camisa do Inter. A 12, do Alex. Foi a minha discreta manifestação individual e silenciosa. À época o Inter se alternava da liderança do campeonato, e pra minha surpresa ele viu a camisa, sorriu e disse “e aí, será que vamos ser campeões esse ano?”. Ouvir um colorado de sotaque carioca sempre me faz abrir um sorriso: me faz pensar que se um dia a família crescer longe do RS ainda posso passar o coloradismo adiante.

Segundo turno, saí 7:30 da manhã pra ir votar e depois voar de volta pra casa. Lá fui eu de novo com a camisa do Inter. Dessa vez com um adesivo do Haddad no peito, numa manifestação um tanto menos discreta. A Patrícia pegou avião pra Campinas adesivada na véspera: me inspirei nela, criei coragem e peguei um dos adesivos da Ana Lúcia. Como diz a frase mesmo? “A esperança tem que vencer o medo”.

8 da manhã, sessão abrindo, sem fila. O mesário colorado viu a camisa (e o adesivo) e lembrou de mim, claro. Simpático, me cumprimentou e disse:

— Agora tá mais difícil de ser campeão, né?

Verdade. O Inter essa semana está a 5 pontos do líder. Respondi com um sorriso:

— É difícil, mas a esperança é a última que morre.

Ele sorriu de volta e o presidente de mesa concordou:

— É, a esperança é a última que morre!

A outra mesária riu e brincou:

— Gente, olha os assuntos!

Ele logo emendou: — Sou botafoguense, vou torcer pro Inter passar o Flamengo e ser campeão!

Enquanto o presidente de mesa digitava os dados e liberava a urna, papeamos os quatro sobre futebol. A mesária, também botafoguense (coisas de votar na Praia de Botafogo!), surpresa que o colega carioca é colorado. O presidente de mesa, preocupado pro Botafogo não cair. Entre preocupações e esperanças, foi um momento agradável. Trabalhei em três eleições, sempre sinto uma empatia especial pelos mesários. Acho que é uma experiência que aproxima a pessoa do sentimento da democracia.

Votei, peguei meu comprovante, desejei um bom dia de trabalho a eles e segui pro aeroporto.


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