🔗 Quarta-feira, 10 de julho de 2013
Achievement unlocked: entreguei ontem uma monografia para uma cadeira do doutorado em informática onde consegui enfiar citações de Gilles Deleuze e Félix Guattari, Paul Krugman e Douglas Hofstadter.
E viva o comportamento emergente de sistemas complexos representados pelo crescimento das cidades como um exemplo de caos que demanda a construção de conceitos e estabelecimento de relações para que se faça seu entendimento através da maneira de pensar do design!
🔗 Os hábitos do software livre…
Li um post de um amigo no Facebook e deu vontade de editar corrigindo um errinho de português (reflexo de ler a Wikipedia, onde eu posso fazer e faço isso).
Aí pensei que como o texto está no nome dele então não seria legal editar direto, mas sim editar uma cópia e enviar um “pull request” pra ele onde ele pudesse ver as mudanças e aceitá-las, atualizando o próprio post em um click (como acontece no Github, site de compartilhamento de código de software livre onde tenho meus projetos). Infelizmente o Facebook não oferece esse recurso.
Por que o mundo em geral não é mais como o mundo do software livre? A Wikipedia tá aí pra mostrar que, se você der pras pessoas ferramentas para atuar colaborativamente, um número suficiente de pessoas vai usá-las de modo a produzir resultados fantásticos.
🔗 Uma postura radical de não-violência é o único caminho que progride
Estou cansado de ouvir da esquerda “ah, eu não faria mas eu não julgo quem faz quebra-quebra, é válido também” e estou cansado de ouvir da direita “o povo está cansado e uma hora tem que pegar em armas e fazer justiça com as próprias mãos”. Independentemente se vocês acham isso moralmente certo ou errado, isso NÃO FUNCIONA.
Olhem pro mundo à volta de vocês se querem mais exemplos de onde esse tipo de postura leva.
Li um livro muito interessante esses dias, “Não-violência”, de Mark Kurlansky, que embasou algumas coisas que eu pensava e trouxe alguns exemplos muito válidos.
Índia. Resistência armada aos ingleses foi sempre fútil. Eventualmente os ingleses se alinharam com os poderosos da Índia para controlar o povo: os reis locais continuaram governando, mas em deferência à Inglaterra. Somente a resistência não-violenta de Gandhi foi capaz de unir os povos da Índia pela causa comum de expelir os ingleses.
Num conflito, é preciso ganhar a mente da maioria. Táticas como black blocs alienam a massa. E a massa tem direito (e ao meu ver razão) de não apoiar.
África do Sul. Antes de ser preso, Mandela liderava uma guerrilha contra o governo que nunca deu em nada. A organização dele, ANC, figurava em listas internacionais de terrorismo até poucos anos. Somente ao renunciar a guerrilha e abrir a conversações que se deram passos à frente.
Outros exemplos que não estavam no livro, mas que eu lembro por ter acompanhado. Vou escrevendo à medida que vou lembrando.
Irlanda do Norte. Décadas de conflitos sangrentos em uma guerra com motivação religiosa. A única coisa que anvançou entre IRA e os unionistas foi o número de mortos, até que se aceitou conversar, e não foi então o IRA, mas o seu braço político, o Sinn Fein, quem travou o acordo de paz.
Palestina. Depois de tantas guerras perdidas nos anos 40, 50, 60 e 70, nos anos 80 a OLP decide baixar as armas. Paus e pedras contra rifles e tanques, pro mundo todo ver. Paus e pedras ainda não são não-violência, mas comparado ao que se tinha antes, foi um passo à frente. Resultado: a OLP é reconhecida mundialmente como representante do povo palestino e nos anos 90 foi criada a Autoridade Palestina e se progredia por um caminho de paz, até que os dois lados retomaram o conflito armado que acabou resultando na divisão política de Gaza e Cisjordânia, enfraquecendo ainda mais os palestinos.
A cartada de mestre do desgraçado Sharon: bastaria incitar a violência (com o gesto simbólico da visita que ele fez à mesquita ocupada), que com a violência tudo que os palestinos construíram iria por água abaixo.
Primavera árabe. Egito. Protestos pacíficos seguidos de repressão policial. O povo explicitamente decidiu não revidar e se manter pacífico na praça. A cidade estava sem lei. A população se organizou para manter a ordem e impedir saques, quebra-quebra, até organizar o trânsito. O governo caiu.
Síria. Protestos pacíficos seguidos de repressão policial. O povo pegou em armas seguindo o exemplo da Líbia (onde o governo não foi derrubado pela força de guerrilha do povo, mas pelo suporte da OTAN). O suporte da OTAN não veio. Três anos de guerra civil, incontáveis mortos e milhões de refugiados.
Os sucessos e fracassos da Primavera Árabe se correlacionam muito com a atitude da população nos levantes de cada país.
Colômbia. Governo é um estado cliente dos Estados Unidos. Grupos de esquerda se organizam para tomar o país de volta por meio de táticas violentas. A violência segue, segue, mas sem progresso. As “forças revolucionárias” acabam se tornando um fim em si mesmas, com o objetivo de manter o próprio poder, baseados na força econômica do narcotráfico. De uns anos pra cá, pela primeira vez a ideia de conversações de paz tem entrado em pauta, muito em função do desgaste público das FARC. Vamos torcer.
México. Na guerra contra o narcotráfico formaram-se recentemente grupos vigilantes civis que se intitulam “forças de autodefesa” em que a população pegou em armas para retomar cidades controladas pelo cartel. O movimento já tem mais de 20 mil pessoas envolvidas. O governo tem apoiado e legalizou o funcionamento dos grupos em determinadas regiões. Parece um cenário de sonho para aquelas pessoas que acham que “o povo tem que fazer justiça com as próprias mãos”, mas é só comparar com o que já aconteceu em outros lugares pra ver que é questão de tempo até que esses grupos se tornem um fim em si mesmos.
O que sustenta o poder são as pessoas, seja numa democracia, seja numa ditadura. Táticas de resistência que alienam a população servem unicamente ao poder estabelecido. Há de se saber as maneiras de resistir. E seguir resistindo.
“Every generation has to fight the same battles. And there is no final victory. And there is no final defeat.” — Tony Benn
🔗 A lógica brasileira, ou a brasilidade da filosofia
Antes de começarmos, uma expressão que não se ouve todo dia: “a lógica brasileira”. Quando eu lhe digo “lógica brasileira”, o que vem à sua cabeça? Voltaremos a isso depois.
Esses dias eu estava conversando com uma amiga sobre escolas de filosofia, coisas que a gente lê e tenta estudar. Comentei com ela que tinha a impressão que aqui no Brasil quando eu falo com as pessoas sobre filosofia, a referência parece ser sempre a tal da filosofia continental — alemães do século XIX, franceses do século XX, de Schopenhauer a Derrida, essas coisas — enquanto os americanos seguem a tradição analítica dos ingleses. Isso nos levou a pensar sobre filosofia e lugares, aí ela comentou de um livro “ressentido, mas interessante” chamado Crítica da Razão Tupiniquim, de Roberto Gomes. Procurei um pouco a respeito do livro e achei algumas resenhas. Em uma delas, o argumento central do autor parece ser resumido dessa forma:
O fato é que as nossas academias produzem historiadores da filosofia, comentadores… mas não exatamente filósofos.
De fato, é muito mais comum ver gente falando dos grandes nomes de fora do que daqui, e nas prateleiras da seção de filosofia das livrarias, quando vejo nomes brasileiros, são em livros discutindo os filósofos estrangeiros.
Isso nunca me chamou a atenção em particular, talvez por não ter uma visão nacionalista sobre as coisas, talvez por não ter sequer expectativas a respeito. Mas o fato do assunto ter sido trazido me fez pensar a respeito. Na verdade, me fez pensar mais sobre o porquê da percepção da tal “falta de uma filosofia nacional”. Afinal, se os americanos, com sua escola do pragmatismo, são “continuadores” da filosofia dos ingleses e não meros “comentadores”, por que então nós, latino-americanos, não poderíamos nos considerar o mesmo em relação à tradição continental?
Acho que é mais uma questão mais de auto-imagem do que qualquer coisa, o que me remeteu ao excelente blogpost com 65 impressões de um francês sobre o Brasil que circulou essa semana (recomendo muito a leitura, faz muito bem ver o tal “olhar de fora”). Em particular lembrei do ponto 46, um item mais sério no meio de vários outros mais divertidos:
46. Aqui no Brasil, o brasileiros acreditam pouco no Brasil. As coisas não podem funcionar totalmente ou dar certo, porque aqui, é assim, é Brasil. Tem um sentimento geral de inferioridade que é gritante. Principalmente a respeito dos Estados Unidos. To esperando o dia quando o Brasil vai abrir seus olhos.
Dito assim parece uma visão simplista, parte óbvia e parte ufanista com o lance do Brasil “abrir seus olhos”. Mas lembro sempre de uma anedota interessante que ilustra de forma cabal essa questão da auto-imagem. No excelente Coding Places, do meu amigo Yuri Takhteyev, que apresenta uma visão sociológica sobre a globalização através do prisma do mundo do desenvolvimento de software no Rio de Janeiro, ele faz uma observação sobre como nós brasileiros usamos a palavra “nacional”. Lembrando que em inglês “national” não se usa como usamos “nacional” aqui. Lá, “national” só se usa em coisas do tipo “national security” e “national anthem“, é pra falar da Naçããão mesmo. Pros usos mundanos eles usam “domestic” (do mesmo jeito que falamos “voo doméstico” aqui). Do livro:
The Portuguese phrase Antônio uses to describe Lua in the end—”um software nacional”—is remarkably ambiguous. While it can be literally translated as “national software”, such a translation would connote a lot more patriotic pride than the Portuguese word “nacional” typically implies. Products that are described with this adjective are often understood to be local substitutes for foreign products that are either not available or more expensive. (For example, a visitor to a Brazilian bar may be offered a choice between an expensive “whisky importado” and a cheaper “whisky nacional.”)
Quando li esse trecho, me surpreendi ao notar que sim, sem nem estar escrito quais são os whiskies no menu, vamos imediatamente assumir que o importado é melhor e que “nacional” implicitamente significa pior. Acaba que ao adjetivarmos algo como “nacional” ou “brasileiro”, na imensa maioria das vezes acabamos inconscientemente depreciando a coisa, exceto talvez em se tratando das artes (”música brasileira”, “literatura brasileira”).
O que nos traz à “lógica brasileira”. O que seria uma lógica brasileira? Como bom brasileiro, posso até imaginar de bate-pronto umas piadinhas pra fazer em relação a essa definição e suponho que você também.
Mas o motivo pelo qual eu pensei nesse termo foi por estar tentando lembrar de algum trabalho relevante de filosofia feito no Brasil. Lembrei que, apesar de nas artes e na psicologia (duas áreas com as quais tenho contato indireto por causa de pessoas que provavelmente estão lendo esse post aqui :) ) as referências de filosofia serem da escola continental (e onde as referências nacionais pendem mais para a psicanálise), um trabalho de filosofia de que eu tenho conhecimento e que é feito no Brasil é no campo da filosofia analítica… e que há uma escola de estudo de lógica não-clássica que é mundialmente conhecida como, sim, lógica brasileira.
Trata-se do trabalho do curitibano Newton da Costa, um dos fundadores do estudo de lógica paraconsistente, do seu aluno Walter Carnielli (co-autor de um livro-texto de lógica que é usado em lugares como Cambridge, Carnegie Mellon e afins) e dessa galera toda que estuda lógica na Unicamp. (E sim, eu notei que acabei de apelar à referência das universidades “de fora” pra validar a relevância do trabalho do Carnielli.)
Mas o que seria essa “lógica brasileira”?
Helio Oiticica, Metaesquema II, 1958
Bom, relembrando que lógica clássica é aquela tipo “Todos os homens são mortais, Sócrates é mortal, logo…”, o que é conhecido como “lógica brasileira” é um tipo de lógica não-clássica, isto é, que não segue todos os axiomas da lógica aristotélica. Talvez você pense: “mas peraí, se não seguir todas as regrinhas da lógica, ela não ‘quebra’?”. Essa é a ideia. Mais especificamente, é um tipo de lógica paraconsistente, que é justamente um tipo de lógica que, ao contrário da lógica clássica, permite a existência de contradições. Como diz a Wikipedia:
Paraconsistent logic is the subfield of logic that is concerned with studying and developing paraconsistent (or “inconsistency-tolerant”) systems of logic.
Sinceramente, eu acho pensar que a “lógica brasileira” seja um tipo de lógica que dá espaço à contradição e que seja tolerante à inconsistência, poeticamente apropriado.
Acho que o Brasil só vai “abrir seus olhos” como sonha nosso amigo francês quando nos dermos conta e aceitarmos essa nossa natureza, com suas contradições e inconsistências. Se até um rigoroso sistema de lógica formal pode ser pensado e entendido dessa forma, imagine o resto. Aí está a brasilidade da filosofia, e talvez até a filosofia da brasilidade.
🔗 A falácia das prioridades
A conclusão a que eu quero chegar nesse texto é um tanto óbvia, mas é impressionante o quanto ainda vemos argumentos do tipo “com tanto X a ser feito, como é que se gasta tempo/dinheiro em Y”. Esses tempos mesmo, vi um desses: a @rosana (cuja bela palestra eu tive o prazer de assistir no TEDxPortoAlegre 2010) tuitou que tinha vergonha do padrão de plugs e tomadas do Brasil. Expliquei que o novo padrão de plugs do Brasil é a proposta da ISO para um padrão mundial, e o Brasil foi o primeiro país a adotar. Ela respondeu: “Taí um pioneirismo que dispenso, num pais com 30 milhões de analfabetos funcionais. Tem outras prioridades”.
Eu poderia simplesmente perguntar “o que tem a ver a educação com as tomadas?”, mas deixei pra lá, pois a resposta certamente seria que o custo total de mudar o padrão de tomadas seria melhor investido em educação. Um argumento que à primeira vista parece sensato, especialmente quando não paramos para avaliar o custo total de coisas que queimam por falta de aterramento, o impacto de saúde dos choques elétricos causados pela falta do relevo na tomada adotado em muitos países, o fato de que as tomadas são compatíveis com 80% dos aparelhos elétricos no Brasil, o fato de que no Brasil imperava uma salada entre padrões europeu e americano, etc. Ou seja, quando desqualificamos algo, tratando como pouco importante (ou mesmo inútil) o contra-argumento de que “o governo deveria gastar este dinheiro em escolas/hospitais” sempre vem à tona.
Pensei nisto ontem enquanto estava na sala de espera do Hospital Israelita Albert Sabin, onde há um cartaz explicando o sistema de prioridades que eles utilizam. Cada paciente na espera da emergência ganha uma pulseirinha de papel colorido, indicando um nível de prioridade: vermelho para o mais prioritário, depois laranja, amarelo, verde ou azul. Fiquei pensando então em como funcionaria o critério deles para determinar quem é atendido primeiro.
A primeira reação “sem pensar” é a que primeiro se atendem as pulseiras vermelhas, depois as laranjas e assim por diante. Certamente, porém, o sistema não pode funcionar assim, pois se houver dois pacientes vermelhos, e cada vez que um for chamado chegar mais um paciente vermelho, os pacientes das outras cores nunca serão atendidos e ficarão se acumulando na sala de espera. Nesse caso, tem que haver um momento em que há um paciente vermelho na sala de espera e ele é deixado esperando e um paciente laranja é chamado no lugar. O mesmo vale em relação a laranja versus amarelo e todas as demais cores. Então, mesmo que hajam pacientes com pulseiras de todas as cores na sala de espera, uma hora o paciente com pulseira azul tem que ser chamado.
Esse problema é chamado de escalonamento e é muito estudado em computação. É dessa mesma forma que o sistema operacional decide como distribuir os dois ou quatro cores do seu processador para os dez programas (e as vinte abas do Firefox) que você tem abertos, além de tudo mais que o sistema precisa fazer para manter o computador funcionando e que você não vê. Eles formam uma fila distribuída por prioridades. Existem critérios para atender as filas de modo que as tarefas mais prioritárias esperem menos para executar. As tarefas menos prioritárias vão esperar mais, mas é preciso garantir que elas não fiquem empacadas esperando para sempre, o que em computação se dá o apriopriado nome de “starvation” (”inanição” em inglês, referindo-se que a tarefa “morre de fome” esperando e nunca ganha a sua vez). Usar bons esquemas de escalonamento é fundamental para que o sistema passe a impressão de que tudo está “rodando macio” sem travar. Os múltiplos cores do processador ficam alternando no atendimento aos programas, mas todos aparentam fluir de forma contínua. Não há uma solução simples para o problema; por isso, é tema de constante pesquisa.
Hoje estava andando pela rua e olhei para uma árvore plantada na calçada. Pensei no gasto do Estado para botar e manter aquela árvore ali. Olhei para a trilha de árvores na rua, uma após a outra. Uma árvore sozinha certamente ganharia uma pulseirinha azul, mas a arborização da cidade como um todo é muito mais importante: ninguém quer viver em uma cidade com escolas e hospitais mas sem nenhuma árvore. Assim como no escalonamento em um computador, é preciso compreender que o conjunto das coisas menos importantes tem também a sua importância.
O erro no “contra-argumento das prioridades” ocorre quando ao dizer “com tanto X a ser feito, como é que se gasta tempo/dinheiro em Y”, dá-se a entender que X e Y são mutuamente exclusivos. É claro que ao se tratar de recurso limitado com tempo ou dinheiro, toda alocação exclui outra, mas na realidade não significa que ao fazer X não se pode fazer Y também. A solução, claro, é dar pesos às coisas: fazer um pouco de X e muito de Y, caso se considere que Y é tão mais importante que X. É a falácia da “falsa bifurcação”: dizer que uma situação é “ou um ou outro” quando na verdade não é. Escolas e hospitais, pela sua justa importância, sempre têm grande apelo em um argumento. Mas isto não torna necessariamente certo destruir praças para construir hospitais.
Acho válido que as pessoas tenham opiniões negativas sobre o padrão de tomadas, a alocação dos recursos públicos ou o que quer que seja. Mas por favor, discutam os méritos ou deméritos das coisas em si, e evitem usar dos chavões “com esse dinheiro dava pra fazer X escolas”, ou “com tanta gente precisando de hospital”. Educação e saúde são, sim, prioridades, mas não vamos nos esquecer que as coisas “menos prioritárias” (meio-ambiente? arte? cultura? esporte?), em conjunto, também têm a sua importância e contribuem para um povo mais saudável e educado. Como eu disse no início, essa conclusão é um tanto óbvia, mas ainda assim se vê muito esse erro por aí.
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